“E mais do que tudo, a Gruta do Maquiné – tão inesperada de grande, com
seus sete salões encobertos, diversos, seus enfeites de tantas cores e tantos
formatos de sonho, rebrilhando risos de luz - ali dentro a gente se esquecia
numa admiração esquisita, mais forte que o juízo de cada um, com mais glória
resplandecente do que uma festa, do que uma igreja.” (In.: ”Recado do Morro.”
No Urubuquaquá, No Pinhém. João Guimarães Rosa).
História Gruta do MAQUINÉ
A Gruta de Maquiné foi descoberta em 1825
pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné, na época proprietário das terras. O
berço da Paleontologia Brasileira foi explorada cientificamente pelo sábio
naturalista dinamarquês Dr. Peter Wilhelm Lund, em 1834, que em seguida mostrou
ao mundo as belezas naturais de raro primor.
A Gruta possui 07 (sete) salões
explorados, totalizando 650 metros lineares e desnível de apenas 18 metros. O
preparo de iluminação e passarelas possibilita aos visitantes vislumbrarem, com
segurança, as maravilhas de Maquiné, onde todo percurso é acompanhado por um
guia local. Maquiné acha se voltada para o norte e apresenta a forma de um arco
abatido com largura de 60 pés e uma altura de 26 pés. A direção principal da
caverna é de norte para sul, tendo em sua maior extensão de 1440 pés. É essencialmente horizontal, não subindo coisa
alguma e descendo apenas um pouco para terminar-se numa fenda vertical que
parece fechar-se pela parte superior. Forma uma galeria contínua com uma largura
média de 30 a 40 pés e uma altura de 50 a 60 pés. O elemento principal de sua
formação é o carbonato de cálcio, ajudando também outros minerais como: a
sílica, gesso, quartzo e o ferro. Suas galerias e salões, verdadeiras estranhezas
arquitetônicas são resultado do trabalho formidável da água em persistência de
milênios. Dr. Lund permaneceu dentro da caverna quase dois anos fazendo seus estudos
sobre a paleontologia brasileira e descobriu restos humanos e de animais em petrificação
da ERA quaternária. Entre outros, foram achados esqueletos de aves fossilizadas
com a extraordinária curvatura de até três metros. Maquiné apresenta sete galerias
denominadas de acordo com as formações que
apresentam:
1ª CÂMARA:
é chamada de “Vestíbulo” totalmente iluminada pela luz exterior que penetra por
uma larga abertura. Possui 88 pés de comprimento e 66 de largura.
Elevam-se do solo diversas massas
colossais de estalagmites, uma das quais se acha próxima da entrada. As mais
afastadas reúnem-se num grupo que sobe até a abóbada e, se confundindo, formam
a parede do fundo onde existem dois grandes blocos de quartzo destacados de uma
enorme camada do mesmo mineral, que se vê no calcário, justamente acima.
2ª CÂMARA: é denominada “sala das colunas”. Tem
122 pés de comprimento por 74 de largura. À esquerda, perto da entrada,
destacam-se massas enormes de estalagmites que se erguem até a abóbada e ligam à
parede que separa esta câmara da precedente. Outras massas, indo quase de uma parede
a outra se elevam diante das primeiras, deixando apenas uma pequena descida. A
camada de estalagmites aí existentes foi perfurada em diversos lugares para
extrair a terra salitrosa. Ela contém, aqui e ali, considerável quantidade de
pequenas ossadas e de dentes.
3ª CÂMARA: é chamada de “altar ou trono” tem 220 pés de comprimento, 116 de
largura e 50 pés de altura. Perto da entrada acha-se ornada da tapeçaria
gigantesca de uma estalactite branca de brilho e de beleza extraordinários. Um
grupo de estalactites que separa esta câmara da precedente envia um ramo de
cada lado e os dois formam entre si um grande nicho disposto em anfiteatro em
cuja entrada vê-se uma figura de 25 pés de altura, representando um urso sobre
o pedestal.
4ª CÂMARA: tem denominação
de “carneiro”, tem 60 pés de comprimento, 66 de largura e 36 de altitude.
Distingue-se das precedentes por apresentar o solo em grande parte coberto de
montões de gesso em pó. Destaca-se ainda nesta sala, além da figura de um
carneiro, a figura imponente de um cogumelo atômico.
5ª CÂMARA: denominada,
“salão das piscinas”. Tem 78 pés de comprimento, igual largura e 60 pés de
altura, formando a parte mais profunda da gruta. O visitante se deslumbra com
suas elegantes formas e com a soberba ornamentação de suas paredes. No centro
existe uma grande bacia de 05 (cinco) pés de profundidade, cujas paredes estão
revestidas de rosetas ou delicados cristais de espato calcário. Grandes massas
de estalagmites ornam as bordas opostas da bacia e assemelham-se a antigas
estátuas e concorrem com as paredes artisticamente enfeitadas de estalactites,
dando a esta sala notável semelhança com um banho antigo, excedendo o porém,
nas belezas dos brilhantes cristais que luzem em seus muros.
6ª CÂMARA: denominada “salão das fadas”, tem 108 pés de comprimento e 50 pés de
altura. Aí foram encontradas grandes ossadas de animais, inclusive o resto de
um megatério (preguiça atual). Segundo Dr. Lund nenhuma outra caverna produzira
combinações tão admiravelmente belas como as que se encontram nesta parte da gruta.
No fundo há uma passagem para outro comprimento, onde parece terem reunido
todos os esplendores que a formação das estalactites pode produzir. Aqui, um
belo templo surpreende nossa vista; ali, levanta-se um altar, mais longe se
ergue uma colossal coluna de delicado gosto; além, vê-se uma cascata cujo
límpido veio se condensar em brilhante
alabastro. Deslumbrantes primores da natureza são realçados pelos mais
delicados ornatos de formas tão fantásticas, quando de bom gosto: franjas,
grinaldas, frisos e uma infinidade de outros enfeites se apresentam. Toda a câmara
e todas as figuras nela existentes estão cobertas de uma crosta de cristais delicados
de carbonato de cálcio, ora do mais puro branco, ora diversamente coloridos,
realçados por um investimento brilhante. Os esplêndidos reflexos produzidos
pela luz ferindo as inúmeras facetas deste cristal deslumbram a vista de modo
que o homem se julga transportado a um palácio de fadas.
A
mais rica imaginação poética não saberia criar tão esplêndida morada para seres
maravilhosos; diante desta notável gruta ela seria forçada a confessar a sua impotência.
Os companheiros de Dr. Lund permaneceram muito tempo mudos à entrada deste
templo e, involuntariamente, exclamaram: “Milagre! Deus é grande!”
Dr. Lund disse: “nunca meus olhos viram
nada de mais belo e magnífico nos domínios da natureza e da arte.”
7ª CÂMARA: é dividida em duas partes:
7ª(A) – denominada “salão Dr. Lund” tem
138 pés de comprimento, 72 de largura e 50 pés de altura. Ela desce sempre,
formando bacias consideráveis. Esta sala é a mais importante pela quantidade de
ossadas que possui. Há no meio da câmara uma cobertura de 02 (dois) pés de
largura por 15 (quinze) pés de profundidade, por onde escoa todo o excesso de
água da gruta.
7ª(B) – denominada “salão do cemitério”.
É a maior de toda a gruta. Mede 534 pés de comprimento por 184 pés de largura.
É revestida de uma camada quebradiça de estalagmites de gesso em pó que cobre o
solo, a qual por fim se amontoa até a abóbada. Grande cópia de enormes fragmentos
amontoa de calcário se acha espalhada na maior desordem com aspectos de mausoléus,
o que justifica o nome do cemitério. A formação de estalagmites continua ainda
todos os dia nesta caverna, da seguinte maneira: a gota que cai deve Ter o
tempo necessário para evaporar-se em parte, de modo tal, que a parte de cal
possa cristalizar-se antes da queda da nova gota.